sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sobre o idioma Yorùbá

Quando o assunto é o idioma Yorùbá, algumas pessoas, por motivos pessoais, acabam tentando desfazer ou mistificar o aprendizado do mesmo. Separei três frases características que acabam fazendo com que estas pessoas não se disponham a aprender o idioma. Lembrando que ninguém é obrigado a fazer o que não quer e muito menos este que vos posta está obrigando alguém a aprender. Aprendizado é conhecimento e isso ninguém lhe tira. Por menos que tu aprendas, este aprendizado sempre lhe ajudará em alguma coisa.


1 - O yorùbá que cantamos é arcaico!

Após a chegada dos negros escravos em terras brasileiras, o idioma não evoluiu, aliás, sua evolução deu-se de forma regional, isto é, acabou tendo influências da Terra Brasilis, principalmente em sua fonética. A língua é dinâmica e sofre influências diariamente, sem falar nas gírias populares que também são passadas oralmente.

Para se ter uma idéia, Samuel Ajayí Crowter, pastor Anglicano e nigeriano, transpôs para o papel o idioma yorùbá e publicou seu dicionário Yorùbá-Inglês em 1843 e até este momento, o yorùbá só era transmitido oralmente e foi esta forma que chegou e foi transmitida aqui no Brasil.

Comparando com dicionários atuais, várias palavras já caíram em desuso, mudaram o sentido ou se tornaram obsoletas mas isso não quer dizer que TODAS as palavras mudaram ou foram extintas. Em sua grande maioria, as palavras continuam com o mesmo sentido.


2 - Louvo meu Òrìşà com o coração e não com palavras!

Uma coisa não tem nada a ver com a outra: realmente não é preciso falar para se fazer uma louvação. Somente pensar já basta. A religião de um povo fez parte da cultura deste, portanto, temos que observar todos os aspectos culturais que envolvem a mesma. Louvar seu Òrìşà na língua mãe certamente o aproximará mais da essência do próprio culto. Um amigo meu do Benin, apesar de ser cristão me dizia: "Cantamos para Deus em yorùbá porque achamos que esta língua é pura, melodiosa e certamente a louvação irá direto para o céu".


3 - Eu falo português e aqui no Brasil ninguém fala em Yorùbá!

Não é verdade. Mesmo abrasileirado, fala-se yorùbá dentro das casas de culto: o nome dos nossos Òrìşà são em yorùbá, os cargos são em yorùbá, os cânticos são em yorùbá e algumas palavras ditas nas feituras também, como Borí, Oríbíb, Omiẹ̀rọ, isso sem falar nos "oxéu" e agôs da vida. Abrindo um parêntese aqui, há uma confusão com relação a esta palavra: o şe un (o xé un) quer dizer obrigado e aaş (aaxé) quer dizer "assim seja". Uma é usada para agradecimento e o outro como esperança de que algo dê certo ou aconteça.

Portanto, irmãos, vale a pena aprender yorùbá. Mesmo que se saiba pouco, com certeza sabe-se o que está se dizendo.


Um comentário:

  1. Prezado Marcos,

    Como vai? Me chamo Felipe, sou iniciado no Candomblé e também mestre tendo desenvolvido pesquisa sobre a relação da Educação Ambiental com a Cosmovisão do Candomblé. Estou desenvolvendo uma pesquisa sobre a questão da apropriação do vocabulário utilizado Yorubá pelos brasileiros praticantes do Candomblé. Já li alguns livros e pesquisei em vários artigos, teses e blogs e não consigo achar as Saudações dos Orixás escrita em Yorubá da forma correta, com todas as acentuações e formas das palavras. Vc saberia me dizer aonde posso conseguir essa informação? Se vc tiver algum material que contenha essas saudações escritas em Yorubá, poderia me enviar?

    Att;

    Felipe

    ResponderExcluir